A garantia de que a zona rural em São Paulo seja contemplada no Plano Diretor Estratégico levou agricultores das Áreas de Proteção Ambiental Capivari-Monos e Bororé-Colônia, nas subprefeituras de Parelheiros e Capela do Socorro, zona sul de São Paulo, a montar uma feira orgânica em ato em frente à Prefeitura na manhã desta terça-feira, 11 de março.

O encontro ocorreu ao mesmo tempo em que o prefeito Fernando Haddad recebia representantes dos agricultores na prefeitura para ouvir suas reivindicações. Produtores rurais de São Mateus, região leste da cidade, também estiveram presentes para levantar a questão da agricultura urbana.

O vereador e relator do Plano Diretor Nabil Bonduki, o chefe de gabinete da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, Milton Persoli, o novo secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendorismo , Artur Henrique, o secretário de Governo, Chico Macena, e o secretário de Coordenação das Subprefeituras, Ricardo Teixeira, também estavam presentes no encontro.

Durante a reunião, o prefeito Fernando Haddad, que recebeu os agricultores com entusiasmo, pediu que aguardassem a aprovação do Plano Diretor, cujo novo texto pretende recriar, após 12 anos de extinção, uma zona rural com regras de parcelamento do solo mais restritivas em um quarto do território paulistano.

“Com o reconhecimento da zona rural, a cidade vai ganhar muito com o desenvolvimento da agricultura e do ecoturismo na zona sul de São Paulo”, afirmou o prefeito Fernando Haddad, que recebeu uma cesta de alimentos orgânicos dos agricultores.

Os agricultores apontaram o descaso com a assistência técnica e extensão rural, que poderia dar melhor apoio à agricultura familiar paulistana através das Casas da Agricultura Ecológica, a falta de regularização fundiária das propriedades e a ausência de fiscalização ambiental como entraves ao desenvolvimento da atividade.

Entre as pautas apresentadas, Haddad concordou com a criação de um Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade de certificação orgânica municipal, o fortalecimento do poder de fiscalização ambiental da Guarda Civil Metropolitana, o desenvolvimento integrado do ecoturismo e agricultura na região extremo sul e até a criação de uma praia de nudismo no rio Capivari. Ficou acordado ainda que a Abast, órgão responsável pela política de agricultura e abastecimento, retornará à pasta de desenvolvimento.

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Segundo o vereador Nabil Bonduki, o prefeito demonstrou que desconhecia muitas das demandas e que quer que haja avanços em relação a elas. “Acredito que, do ponto de vista da legislação, muitas das questões estão bem encaminhadas no Plano Diretor”, afirmou Nabil.

“Além da criação da zona rural, no Plano Diretor está previsto que no mínimo 10% dos recursos do FEMA [Fundo Especial de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável] vão para o pagamento de serviços ambientais”, afirmou Nabil.

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“Não somos vistos”

“A zona rural foi extinta do mapa do município de São Paulo em 2002, mas somos mais de 300 agricultores de alimentos e plantas ornamentais que estão lá, mas nós não somos vistos”, afirmou a agricultora Adriana Coradello, sócio-fundadora da Cooperapas (Cooperativa Agroecológica dos Produtores Rurais e de Água Limpa de SP), que existe há dois anos.

Segundo ela, a maioria dos agricultores da Cooperapas aderiu à agricultura orgânica – técnica em que os agrotóxicos não são utilizados nas plantações – para preservar a região e que muitos estão em processo de transição.

“Nós estamos em transição agroecológica, então, o reconhecimento da zona rural pode facilitar a obtenção do selo de certificação orgânica pelos produtores”, afirma.

Ao final do ato, os agricultores distribuíram os alimentos orgânicos da feira.

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Fonte: Cidade Aberta

http://cidadeaberta.org.br/agricultores-organicos-pedem-volta-da-zona-rural-de-sao-paulo/

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